O retorno dos Red Devils à elite do futebol europeu - Análise tática de Leicester 0 x 2 Manchester United - 38ª da Premier League

Manchester
United supera tática diferenciada do Leicester e retorna para UEFA Champions
League com um elenco promissor
Na última
rodada da temporada 2019/2020 da Premier League com diversos jogos decisivos
envolvendo vagas às competições europeias, o mais decisivo certamente era o
confronto entre Leicester e Manchester United. Deste jogo sairia pelo menos uma
das duas vagas restantes para a próxima temporada da UEFA Champions League, em
disputa que também envolvia o Chelsea.
ESCALAÇÕES INICIAIS
ANÁLISE TÁTICA
- Estratégias
iniciais
Brendan
Rodgers surpreendeu e optou por utilizar uma formação tática fora do habitual,
um 3-5-2 para reforçar o meio-campo com dois jogadores de lado: Albrighton e
Choudhury (com Ihenacho à frente), Tielemans e Thomas na esquerda (com Vardy à
frente). A escalação oferecia um perigo para o United principalmente pela força
do Leicester nos contra-ataques e nos desarmes, uma equipe que se destacou na
temporada por trocar passes curtos.
Enquanto
isso, o Manchester United entrou em campo com formação 4-2-3-1, mantendo suas
características de atacar preferencialmente na direita, onde Pogba e Greenwood
definem jogadas ou realizam o último passe buscando o centroavante Martial, um
excelente finalizador que marcou mais de 15 gols durante a temporada da Premier
League.
- Confirmando
tendências
Os
primeiros dez minutos do jogo confirmaram a tendência inicial. O Manchester
United obteve 66% da posse na parte inicial, mas encontrava dificuldades para
encontrar espaços e finalizar com perigo, ainda que conseguisse chegar na
entrada da grande área com algumas oportunidades.
Em alguns
momentos, o Leicester apostava em uma alternativa para pressionar o Manchester
United e conseguir armar contra-ataques, mostrando preocupação com a obrigação
da vitória que as circunstâncias da partida. A linha de cinco zagueiros deixou
de ser utilizada em alguns momentos para a marcação individual em todo o campo.
Para o United, restava apostar em cruzamentos longos para a grande área
buscando romper linhas.
- Contra-ataque:
A principal arma do Leicester
Na metade
do 1º tempo, um dos momentos mais perigosos do jogo ocorreu após mais uma bola
perdida por parte dos Red Devils. Ihenacho disparou contra seus marcadores e
conseguiu acionar Justin para percorrer com certa liberdade até a finalização
na grande área. Vardy estava impedido na definição do lance, mas poderia ter
recebido passe de Ihenacho na aproximação da área, quando a marcação do
Manchester United estava fragilizada.
Ou seja, a jogada poderia ter rendido de
melhor forma para o Leicester caso as melhores opções fossem pensadas no
momento. Ainda assim, a jogada demonstrou como a estratégia do Leicester
poderia oferecer perigos maiores explorando os contra-ataques, uma
característica da equipe.
- Liberdade
excessiva de Pogba
Enquanto
isso, o Leicester também demonstrava algumas deficiências quando adotava a
marcação de cinco jogadores na última linha. Bruno Fernandes receberia o
lançamento em impedimento na conclusão da jogada, mas repare na liberdade que
foi dada à Pogba para circular em uma parte do campo, transitando com a bola,
sem nenhuma marcação no setor. Enquanto o Leicester esperava uma aproximação o
atacante, os lançamentos surgiam como boas alternativas.
A situação
foi repetida na reta final do 1º tempo. Pogba novamente teve liberdade para
pensar e executar bem o lançamento em direção à grande área acionando Rashford.
A bola rompeu as linhas de marcação e o jogador conseguiu entrar na área para finalizar,
rompendo as linhas de marcação do sistema 3-5-2 e surpreendendo James Justin.
- Pressão
dos Red Devils e o fator Chelsea no final do 1º tempo
Na reta
final da primeira etapa, o Manchester United obteve o valor volume de jogo e
conseguiu finalizar com perigo em duas oportunidades, provocando inclusive uma
excelente defesa de Kasper Schmeichel, que rendeu um escanteio no último lance
do 1º tempo.
Repare na sequência de fotos acima que, mais uma vez, o Leicester
teve problemas com a marcação deixando Rashford em total liberdade perto da
pequena área com liberdade para dominar e finalizar com bastante perigo.
Com
inferioridade técnica, as duas equipes receberam um “recado” do adversário
direto à vaga na UEFA Champions League para o 2º tempo. Pouco antes do
intervalo, o Chelsea marcou dois gols e deixou o placar em 2-0 contra o
Wolverhampton, um resultado perigoso que tiraria o Manchester United da
competição continental caso o Leicester vencesse. Isso poderia render em um
jogo mais aberto na segunda etapa, com mais chances e mais espaços.
O segundo
tempo começou com novo equilíbrio entre os dois times, um jogo que deixava o
Manchester United mais confortável com o resultado. Os espaços seguiram muito
ocupados e o Leicester, principalmente, encontrava problemas para finalizar no
gol. Devido à isso, os 13’ do 2º tempo, o meia-atacante Ayoze Pérez foi
acionado por Brendan Rodgers no lugar de Ihenacho para soltar mais a equipe.
- As
ameaças do Leicester
Em
cobrança de falta na esquerda, surgiu a chance mais perigosa do Leicester no
jogo através do jogo aéreo. Perto dos 20 minutos, Vardy demonstrou mais uma vez
sua versatilidade nas finalizações e se antecipou à marcação para cabecear de
leve na bola, alterando a trajetória da bola que acertou a trave do goleiro De
Gea. Foi uma boa sequência para o Leicester, que aumentou consideravelmente seu
volume de jogo retomando os ataques com velocidade explorando o lado esquerdo
do campo.
- O
erro fatal e o gol decisivo do United
A posse de
bola crescia e o Leicester era mais perigoso no 2º tempo, mas a equipe acabou
lidando com um momento infortúnio no jogo. Na marca dos 25’, Martial foi
derrubado dentro da área por Evans e o árbitro marcou pênalti, em lance que foi
originado após Greenwood tomar a bola de Choudhury perto da grande área, na marcação
que pressionava a saída de jogo do adversário com três jogadores bem
posicionados. Bruno Fernandes cobrou o penal e marcou o gol.
Com isso,
Brendon Rodgers resolveu apostar tudo e fez três alterações: Gray, Barnes e
Praet entraram nos lugares de Albrighton, Tielemans e Choudhury. Desta forma, o
Leicester passou a controlar mais a posse mantendo a mesma formação 3-5-2,
enquanto o Manchester United adotou postura defensiva para segurar o resultado
bastante favorável nos minutos finais.
Logo após
as alterações, o Leicester chegou com perigo em mais um ataque pela esquerda em
ótimo cruzamento de Gray (que havia acabado de entrar) conectando com Barnes.
Morgan tinha espaço na área para finalizar e armou para chutar de primeira. A
jogada terminou com furada de Morgan, mas o lance serve para mostrar novamente
que o United precisa aprimorar o sistema defensivo para a próxima temporada.
- Os
retornos
O final da
partida marcou dois retornos especiais, coletivo e individual. Uma falha de
Schmeichel no último lance da partida permitiu Lingard roubar a bola e
finalizar com cuidado para marcar seu primeiro gol desde 22 de dezembro de
2018, depois de 34 jogos sem marcar gols, criando um simbolismo ainda maior
para fechar a temporada do Manchester United.
A equipe chegou
a ficar 14 pontos atrás do Leicester na temporada, mas a queda considerável de
produção da equipe de Rodgers e a ascensão no ataque dos Red Devils permitiu Ole
Gunnar Solskjær conseguir a classificação de um time extremamente promissor,
com muito potencial se conseguir aprimorar algumas deficiências. Um dos
melhores ataques da competição, fechou a temporada em 3º lugar com 66 gols.
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